Trabalhadores brasileiros estão estudando mais, diz pesquisa da FVG
Fonte: G1
Campo foi o setor que apresentou a maior evolução de escolaridade nos últimos seis anos. Mas os trabalhadores rurais ainda são os que têm menos tempo de estudo.
Um estudo que vai ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, concluiu que os trabalhadores brasileiros estão estudando mais, mas que ainda há desafios pela frente.
Pai e filho trabalham juntos no interior de Mato Grosso. Agora, Egídio faz universidade de agronomia para melhorar a produção da lavoura de abacaxi.
“Talvez sem esse curso eu teria uma mentalidade diferente. O que eu aprendo lá na faculdade eu consigo conciliar com o que aprendo no campo”, diz o universitário e produtor rural Egídio Leonardo da Silva Garbugio.
Egídio é um exemplo dos novos trabalhadores do campo. Foi o setor que apresentou a maior evolução de escolaridade nos últimos seis anos.
Em 2012, o trabalhador rural tinha quatro anos e seis meses de estudo, em média. Em 2018, esse número saltou para cinco anos e sete meses. Mas casos como o do Egídio ainda são uma exceção.
A maior parte dos trabalhadores rurais não tem sequer o ensino fundamental completo. As áreas de educação e serviços são as que têm o nível mais alto de escolaridade. Juntando todos os setores, o trabalhador brasileiro tem, em média, nove anos e oito meses de estudo.
E o que o ovo tem em comum com os livros? Quem trabalha na cozinha de restaurantes já percebeu que estudar pode fazer a diferença. Miguel Capella cursou gastronomia para conquistar um lugar de chef.
“Todos os chefs estão estudando, correndo atrás, muitas técnicas novas e isso se dá muito com estudo também, então, é necessário”, conta o chef de cozinha.
Os pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que analisaram a escolaridade dos trabalhadores brasileiros não têm dúvida: a crise econômica que provocou o desemprego também aumentou a competição por uma chance no mercado de trabalho.
E aí, só os mais qualificados, com maior escolaridade, tiveram mais chance. Isso aparece no resultado da pesquisa, com o aumento no número de anos de estudo entre quem está empregado.
O coordenador da pesquisa diz que os novos trabalhadores estudaram mais do que as gerações anteriores. Mas ainda não é o suficiente.
“Uma coisa é você ficar na escola e você ter mais anos de estudo, outra questão é: será que aqueles anos de estudo estão contribuindo para o seu aprendizado? Precisa melhorar, não apenas quantidade de tempo na escola, mas também a qualidade do que é ensinado para esse aluno”, explica Bruno Ottoni, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV e do IDados.