Sindicato dos Borracheiros exibe documentário sobre ‘ditadura na Volks’

Fonte: Assessoria de imprensa do Sindicato dos Borracheiros de Santo André

Sessão de Cúmplices? A Volkswagen e a ditadura militar no Brasil, trabalho produzido pela TV pública alemã, será no dia 31 de agosto, às 19h, em Santo André

Conhecer a história do jeito que ela realmente aconteceu é muito importante. Por isso, o Sindicato dos Borracheiros receberá em sua sede de Santo André no dia 31 de agosto, às 19h, uma sessão para apresentação do documentário Cúmplices? A Volkswagen e a ditadura militar no Brasil. O filme mostra a participação da montadora no regime de repressão no País. O trabalho de pouco mais de 40 minutos de duração foi feito pela TV pública alemã.

Após a exibição, haverá um bate-papo sobre o assunto com operários vítimas da repressão dentro da montadora, incluindo João Belmiro de Araújo Duarte, ex-diretor do Sindicato dos Borracheiros, e Lucio Antonio Bellentani, que tem a sua saga retratada no documentário.

História

A Volkswagen é investigada pelo Ministério Público Federal por ter colaborado com a ditadura militar (1964-1988). A montadora, com planta em São Bernardo do Campo, entregou trabalhadores para a polícia, facilitou torturas dentro da fábrica e, junto com outras empresas, fez as chamadas “listas negras”, que apontavam trabalhadores para que estes não conseguissem mais emprego. Além disso, a Volks montou um sistema de segurança com militares para vigiar os trabalhadores.

A denúncia contra a montadora alemã foi entregue ao Ministério Público Federal. É resultado de trabalho da Comissão Nacional da Verdade. Existe um grupo de operários vitimados que se reúne para acompanhar o inquérito no MPF.

Volks admite culpa, mas relatório não convence

A montadora realizou um mea culpa sobre sua atuação no período. Um relatório, feito por um consultor alemão e divulgado pela montadora no dia 14 de dezembro de 2017, reconheceu que houve cooperação dos funcionários de sua segurança interna com os militares e que a empresa se beneficiou de medidas da época, como o enfraquecimento dos benefícios trabalhistas.

Porém, para sindicalistas e ex-funcionários, o relatório é fraco e não mostra o real envolvimento, já que a empresa forneceu aos órgãos policiais informações sobre os funcionários e permitiu, dentro da própria fábrica, prisões sem ordem judicial e tortura.

Trabalhadores querem reparação

Os companheiros vítimas da repressão querem justiça. Eles desejam que a empresa reconheça os erros cometidos aos trabalhadores e conceda uma justa reparação aos envolvidos e seus familiares.

Outras fábricas envolvidas

Além da Volks, outras empresas, como Embraer, Metrô de São Paulo, Companhia Docas e Petrobrás, também são acusadas de perseguirem seus trabalhadores.

Quem sofreu na pele

João Belmiro de Araújo Duarte
O ex-diretor do Sindicato dos Borracheiros entrou na Volkswagen em 1969. No ano seguinte, foi demitido e perseguido. “Precisei fugir, pois tentaram me prender fora da empresa”, conta o companheiro, que teve que ir para o Nordeste para escapar dos militares.

Lucio Antonio Bellentani

A saga do ex-metalúrgico é retratada no documentário. Ele ficou na Volkswagen entre 1964 e 1972. Acabou preso pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social) em sua bancada de trabalho. Foi espancado dentro do departamento pessoal. “Desde o momento da prisão dentro da Volkswagen já comecei a ser torturado”, lembra. Permaneceu preso por nove meses até ser absolvido por falta de provas. Mas a procuradoria recorreu da decisão e ele foi condenado. Fico quase dois anos na prisão.

Roberto José Ferreira

Contratado pela Volkswagen em 1970, foi demitido na greve de maio de 1980. Entrou na “lista negra” das empresas. “Você constava como grevista quando buscava emprego em outras fábricas”, explica. “Tive muitas advertências e suspensões. A pressão era maior dos líderes da fábrica. Quando demitia, a empresa não dava explicação do porquê da dispensa”.

Vilmo Oliver Franchi

Admitido em 1978, permaneceu na Volks por quatro anos. Até que as perseguições internas terminaram com a sua demissão. “Fui mandado embora por causa de uma comissão de fábrica chapa branca”, ressalta Vilmo.

Serviço

Apresentação do documentário “Cúmplices? A Volkswagen e a ditadura militar no Brasil”.
Quando: Dia 31 de agosto, às 19h
Onde: Sede dos Borracheiros em Santo André (Rua Onze de Junho, 283 – Bairro Casa Branca)

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