SP abre 14 mil vagas mas segue longe de reaver os 230 mil postos perdidos
Fonte: DCI
Saldo de empregos foi ao maior nível para janeiro desde 2011, porém, para Fecomércio, melhora precisará ser gradual até o final do ano, para que o setor se recupere da recessão
As empresas de serviços do Estado de São Paulo iniciaram o ano com reação positiva. Em janeiro o saldo de empregos celetistas foi de 14.608 vagas, o melhor resultado para o mês de janeiro desde 2011. Esta é a primeira etapa para recuperar os 230 mil postos perdidos entre 2015 e 2016.
O total de vagas abertas em janeiro foi resultado de 190.376 admissões e 175.768 desligamentos, considerado o maior montante desde fevereiro de 2017. Com isso, o estoque total de empregos do setor no período foi de 7,316 milhões. Os dados fazem parte da Pesquisa de Emprego no Setor de Serviços (Pesp), realizada pela FecomercioSP.
Segundo o levantamento, os setores que mais contribuíram para o desempenho positivo no mês foram os serviços de educação (5,7 mil), administrativos e complementares (2,8 mil) e as atividades médicas, odontológicas e serviços sociais (2,6 mil). Se observado o saldo em 12 meses, os serviços de saúde (17,54 mil), as atividades profissionais, científicas e técnicas (7,21 mil) e administrativas e complementares (4,61 mil) puxam o indicador.
De acordo com o assessor econômico da FecomercioSP, Thiago Carvalho, a tendência é que esta recuperação no número de vagas formais se mantenha ao longo de 2018. “Em 2017 observámos um cenário de recuperação de receita e posteriormente vimos o reflexo no mercado de trabalho com sucessivos saldos positivos. Devemos manter o movimento até pelo desempenho financeiro que temos observado”, explica.
Dados recentes da FecomercioSP mostram que o desempenho da receita também tem se mantido positivo no setor. Em janeiro, a cidade de São Paulo registrou faturamento real de R$ 30,4 bilhões entre as empresas de serviços, o resultado foi R$ 2,2 bilhões superior a janeiro de 2017. Esta foi a maior cifra mensal já registrada desde o início da série histórica, em 2010. “O emprego deve acompanhar. Em breve devemos ver a reversão em todas as atividades”, destaca.
Em janeiro, os serviços que apresentaram saldo negativo foram transporte e armazenagem (- 2,14 mil) e administração pública, defesa e seguridade social (-662). Em 12 meses, as mesmas atividades apresentaram redução significativa, sendo os serviços logísticos com queda de 3,59 mil vagas e administração pública reduzindo 1,36 mil postos. Somando-se a esses, estão as atividades de informação e comunicação (-987), financeiras e seguros (-265) e outros serviços (-4,53 mil).
Segundo ele, entre as atividades que podem ter uma recuperação mais tardia estão as ligadas ao setor de bens duráveis, como o mercado imobiliário, que além de acesso a crédito depende da confiança do consumidor em querer adquirir um bem que comprometa a sua renda futura.
Ainda de acordo com a pesquisa da FecomercioSP, realizada com base em dados do Caged, entre 2015 e 2016 o setor de serviços perdeu 230 mil vagas celetistas. Mesmo que 2018 já represente um grande passo para recuperar este resultado, o economista da federação ressalta que o volume de perdas é grande e não deve ser atingido no ano. “Deve demorar mais um tempo. Pode chegar a demorar dois anos, mas tudo depende da evolução do faturamento e o desenrolar da economia. Se as coisas melhorarem em uma velocidade rápida, podemos ver uma recuperação antes”, destaca.
Ele destaca que o momento deve ser positivo para os profissionais qualificados que perderam seus empregos durante a crise. “Dado a disponibilidade desse profissional, com boa qualificação e que agrega à empresa, muitas companhias deverão aproveitar para buscar esse pessoal”, diz.
Para profissionais com menor qualificação, ele responde que as oportunidades dentro dos serviços estão nas atividades de saúde, que sofreram um pouco menos na crise e iniciaram antes a recuperação. Mesmo que o setor precise de alta qualificação, ainda existem oportunidades, como na área de atendimento, para quem está em busca de novas oportunidades de trabalho.