UNESP: Estudo acadêmico aponta exploração dos estivadores
Fonte: Assessoria de imprensa do Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão
As seguidas leis de modernização dos portos e as novas tecnologias causaram perda do poder sindical e, consequentemente, diminuição dos postos de trabalho, além de queda salarial.
A conclusão faz parte de estudo de Thiago Pereira de Barros, mestre em geografia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp de Presidente Prudente.
Publicado em 30 de maio na revista ‘Portos e Navios Marintec’, o estudo, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), revela que o porto de Santos tem 4.200 estivadores.
A pesquisa, segundo a revista, focou o processo de modernização dos portos, desde 1980, e suas consequências para os estivadores que atuam em Santos.
O pesquisador constatou aumento das áreas entregues à iniciativa privada e alteração na forma de organização e distribuição do trabalho, com expressiva perda salarial e queda de emprego.
Exploração e lucros
A introdução de novas tecnologias e a multifuncionalidade reduziram o quadro de trabalhadores, com aumento da produção e crescimento da exploração da mão de obra a favor dos lucros.
O levantamento do geógrafo Thiago de Barros aponta ainda a precarização do trabalhado e suas implicações negativas na saúde dos estivadores e demais portuários.
Para o professor e orientador da pesquisa, Marcelo Dornelis Carvalhal, da coordenadoria do curso de Geografia da Unesp de Ourinhos, os trabalhadores não foram consultados no processo.
“Em uma conjuntura marcada por reformas trabalhistas e sindicais, sem participação dos trabalhadores, a pesquisa investiga a diversidade de contratações no âmbito portuário”, observa a revista.
O texto da publicação mostra que “os trabalhadores são sujeitos de sua história, adaptando-se, por meio das formas de resistência, às ofensivas patronais”.
Sindicato
Para o presidente do sindicato dos estivadores de Santos e região, Rodnei Oliveira da Silva ‘Nei’, o estudo “é de fundamental importância para que se compreenda a exploração dos trabalhadores”.
“Sob o manto da modernidade, esconde-se uma cruel precarização de nossas vidas, e consequentemente de nossas famílias, em benefício do lucro e da concentração de riqueza”, reclama o sindicalista.
Nei acredita que “esse e outros levantamentos acadêmicos podem facilitar o entendimento da realidade portuária por juízes que julgam nossas questões coletivas”.